amor impróprio

Ser de mim é ser-se assim, profundamente inadaptada à sociedade.
É ser apaixonada pelo que não se possui, pelo que nunca se poderá possuir! É ser platónica exponencialmente, é ser solitária num mundo preenchido!
Como se não bastasse o amor que me tenho é quase inexistente, é tão  raro e escasso que chego a perder-me nas suas ínfimas partes. Olho para mim e vejo uma poça de nada, encharcada de nada!
É este amor, este mau amor... imaturo e fraco, que me arrasta no chão! Doente e canceroso que me priva da falta de raciocínio ilógico! Este amor pálido e frio, sem sustentação!
Não há bondade nenhuma naquilo que faço!

Perdão, esqueci-me de ser apaixonante...

breve

A nova era é o "tumblr" onde se diz o que se quer, tentando ser o que causa mais impacto - uma genuína competição. Por enquanto, ainda não fui atingida pela geração, daí ter vindo escrever qualquer coisa...
Os dias estão maiores, as temperaturas indecisas, os odores pujantes e os adolescentes convertidos à idiotice do costume! Nada de relevante, aparentemente. A verdade é que eu não estou na pausa dos dias anteriores, estou ligeiramente diferente e importunada: com vontade de dizer o que não sinto.
Perdi-me, como é usual, nos meus silêncios; desaprendi o dom que já tive e, para colmatar, envolvi-me com um peregrino! Aqueles indivíduos devotos e crentes num andar divino, que justificam o cansaço com gratidão a promessas infundadas, sob a pena de castigo. Aquelas pessoas pequeninas, de cabeça quadrangular, muito recta e muito fina, uma linha!
Que pobresinha...

o meu melhor português

Eu não escrevo em verso e tão pouco sei fazer poesia por um motivo muito simples, se eu fosse desse tipo de escrita nunca saberia bem o que dizer. Planeava ao milímetro o que me sai naturalmente. Faria de um sentimento genuíno, uma rima sincronizada. Passando de mecânica a engenheira, se é que me entendem. E eu não sou bondosa a falar, eu falo em bruto, de modo grosseiro. Não sei onde usar as vírgulas e não faço ideia onde é o melhor sítio para pontuar. Eu sou do tipo de escrever sem analisar pormenor nenhum. Sou do tipo de infringir todas as regras. Nunca ligo para as margens do caderno ou mesmo para o limite das palavras, não sei usar vocativos e desconheço a quantidade de figuras de estilo que existe. Apresentem-me um verbo e não vos saberei dizer o modo ou o tempo, eu não sei nada disso. Eu não sou de planear coisa nenhuma. Eu não sou autora e quase que nem sou aluna. Se há coisa que consigo fazer com alma e coração é escrever, escrever igual ao que sinto. Queixem-se vocês de ser complicada a escrever, de dizer coisas sem sentido, de andar de trás para a frente e da frente para trás quando o que eu quero dizer é tão simples… queixem-se vocês de falar das coisas que geralmente ninguém quer falar, ou do que toda a gente fala: quero lá saber. Que não tenho talento nenhum eu já o ouvi dizer por aí, milhares de vezes. Nunca fui das miúdas que lê o que escreve na aula de Português, nunca tive grandes dramas para relatar. Não nasci, aparentemente, para ser ninguém com nenhum dom. Acho que estão errados, eu sinto-me uma privilegiada por não ser aparentemente ninguém. Nunca vou saber nada de Português “matemático”, nunca vou usar fórmulas para saber a gramática mecanizada, sempre vou saber a natureza simples das palavras. O eco das mesmas na minha cabeça, naquela voz acinzentada que narra todos os episódios da minha vida. Esta voz que existe abandonada no meu consciente vai permanecer triunfante quando acabo o meu último ponto final. Esta sou eu, sem nenhuma maquete de mim própria, sou eu. Simplesmente eu. E que grande coisa… 

complicado

Eu sinto-me a cair de velha. Sinto-me incompreendida e ultrapassada. Não ganho nem para ter vontade de viver. Mais do mesmo, não é verdade… Se as minhas ilusões fossem menos palermas e menos estridentes não haveria tanto espaço para as desilusões sistemáticas. Não há, na realidade, nada de muito errado. E é o que me custa mais. Dói-me pensar que choro sem motivo nenhum! Agonia-me saber que não estou a morrer de cancro, que tenho os quatro membros como seria de esperar e que sou filha de, pelo menos, uma pessoa que me ama. Que angústia que é não ter motivo nenhum para chorar e no entanto chorar como se me tivessem arrancado algo muito doloroso. Sou uma caprichosa. “Horrenda”, se mo permitem, sou-o inquestionavelmente! Quem não mataria para ter a vida de rainha que tenho? Estou sempre a desistir, sou sempre a mesma derrotada. A mesma imbecil que nunca sabe quem perde, como perde e onde perde! Um dia vou morrer consciente, aí a Alma Divina suprema me olhará nos olhos e dirá: - Aqui tens, sua desentendida. Aqui tens a tua morte dramática, a tua hipócrita morte romântica. Exactamente como querias que fosse! Com toda a gente a olhar para ti, esmagada contra o caixão. Morta, moribunda. Olha todos a deixar ali tudo aquilo que pretendias: a sua dor contida e medíocre, falsa e complicada. Encenada com o espanto do “humanamente correcto”. Se agora estás feliz contenta-te, agora é eterno.

ela foi embora...


"Sabes, essa menina que está a dançar na pista e tu estás todo babado por ela, amigo? É a minha ex-namorada. Há uns três meses eu acabei tudo com ela. Eu mentia-lhe todos os dias, e quando ela dizia que me amava eu ria-me dela. Vês as roupas justas e o cabelo que ela hoje trás?
Ela não era assim, antes costumava usar uma camisa de lã rosa e um calças de ganga medonhas, usava o cabelo preso a trás - mas ela não conseguia ficar feia, eu só não sei porque nunca lhe disse isto antes. Ela era louca por mim, mandava-me mensagem de bom dia, depois lembrava-me das coisas que eu sempre me esquecia, colocava sempre na minha agenda os horários do meu dentista e sabes como eu retribuía? Ia sair com os meus amigos, procurava as meninas que passavam de roupas justas e cabelo solto, assim como ela está hoje. Ela cuidava de mim no fim da noite, mesmo que eu passasse o dia inteiro a ignorá-la, ela ligava-me a dizer que os anjos dela iam cuidar de mim. Era a garota mais chata, ciumenta, complicada e estranha que eu já tinha conhecido. Eu gostava mesmo era dessas aí... de as encontrar numa noite, pedir-lhes o número e elas darem-me o telefone errado. Por isso terminei com ela , falei que ela era fraca e burra por acreditar em mim.
Dois dias depois eu vi uma foto dela e chorei, três dias depois eu liguei para o telemóvel dela e ela não atendeu, quatro dias depois eu fui a casa dela e ela disse que estava ocupada, que não podia falar comigo, cinco dias depois eu não tive mais vontade de sair, no sexto, sétimo e no resto dos meses eu sentia a falta dela. Todos os dias. Até que me puxaram para uma saída, era nestas festas que eu vinha para me encontrar com essas meninas que não querem saber de mais nada a não ser delas mesmas... e a encontrei-a aqui, linda, os olhos dela brilhavam, eu fui falar com ela respondeu-me, achei que desta vez eu podia tê-la nas mãos de novo. Mas desta vez, para valorizá-la. Pedi-lhe o novo número de telefone e ela deu-mo. Liguei-lhe no dia seguinte e uma moça qualquer atendeu, era um número errado. Chorei de tanta saudade, de arrependimento, de receio e de saber que a menina de quem eu ria, se tornou na mulher que ri de mim, pior: a menina que era minha, agora tinha um monte de rapazes a querer ser dela e ela só queria aproveitar o tempo que perdeu .
Eu fiz com que a menina dos meus sonhos se tornasse no sonho de todos os miúdos por aí. Eu perdi-a. E sabes o que ela me disse no começo da festa ? Que ela não era fraca nem burra por acreditar no amor que eu dizia sentir por ela , e sabe o que dói? Vê-lá ali dançando, rindo e sem se preocupar, em nenhum momento, a olhar para cá. Ver-me babado por ela. E também por nunca ter percebido o quanto ela era importante para mim. Por isso valoriza quem te ama e não brinques com os sentimentos de uma mulher."

já vais?


Dizer-te adeus é renegar todos os meus sonhos e ir morrendo um pouco a cada dia. É esconder dentro de mim o que te disse um dia. É o pesadelo constante de te poder perder. É ter que guardar-te na lembrança, guardar na memória o presente que me foi arrancado e pagar tudo isso com lágrimas. É suportar o facto de ter o meu amor perdido em outro país. Por conseguinte a misericórdia não chega quando chamo por ela! Apenas posso ir rindo de mim mesma, por sofrer viva! Ver a felicidade nos outros, a partir do meu mundo perdido, é tão frustrante. Tenho aqui o meu coração para o levares, com ele nas tuas mãos vejo-o parar. Tontamente perco-me no teu olhar, parece que será a última vez na minha vida que o vou poder fazer. Sussurras-me que é a despedida. Dizes à tua princesa “logo, voltarei, logo estarei aqui”, mas a minha tristeza egoísta não te quer deixar ir. Respondo euforicamente “quero que me leves contigo, no galopar do teu cavalo”, quero também que repitas que sou a mulher com queres estar, que vais estar sempre do meu lado. Eu sei que feliz não estás, por isso leva contigo o meu sabor. Agora comigo só fica a ausência e a nossa dor, mas definitivamente o meu coração vai contigo!

“a despedida é uma dor tão suave que te diria boa noite até o amanhecer…” (Romeu e Julieta)

anseio o teu regresso, mesmo antes de partires

Eu sei amor, eu sei que vais mais ou menos partir. Sei que vais tentar realmente não te distanciar de mim, sei que vou estar todos os dias mais ou menos perto de ti. Não duvido que os dias mais ou menos tristes serão passageiros e que o que sinto por ti se manterá mais ou menos inalterado. Porém, amor da minha vida, nos lugares mais ou menos parecidos comigo e nas mulheres mais ou menos similares a mim, não te percas. Porque daí advirá muito menos, nada de mais!